"A medida do amor é amar sem medida" Santo Agostinho

domingo, 5 de setembro de 2010

UM DIA PENSEI SER POLÍTICO



Há alguns anos atrás, na minha fase revolucionária, com 15 ou 16 anos, pensei que ao crescer poderia entrar para a política. O Brasil estava numa fase razoável, mas completamente fora do que eu esperava para o meu país, afinal estávamos sob o governo de FHC. Mas me lembrava muito bem da fase que você ia à feira, já que via o sofrimento dos meus pais, e não conseguia comprar sequer o que tinha comprado no dia anterior por conta da super inflação, que jogava os preços para cima e para baixo o tempo todo. Se você encontrasse um quilo de charque, porque carne naqueles dias nem pensar, você gastava o dinheiro com ela porque no outro dia já não poderia levar mais. Foi naqueles anos que me deparei com a imagem de um homem barrigudo, barbudo, baixinho e nordestino. Apaixonei-me por ele e por toda sua filosofia. Comecei a ler textos sobre Karl Marx, Ernesto Che Guevara, Fidel Castro e outros mais, que influenciavam aquele homem. Seus discursos calorosos, toda sua história de retirante, metalúrgico e líder de sindicato numa época poucos anos depois de uma ditadura militar pesada. Ainda não podia votar, então esperava ansiosamente pelos dezoito anos. Durante todos aqueles anos pensava em o que estudar ou o que fazer para alcançar lugares altos dentro da política. Nessa minha busca me deparei com um livro de Pedro Collor de Melo, falando sobre aquele mundo que um dia eu queria chegar, se tudo aquilo que estava escrito era verdade, então não queria mais fazer parte daquilo, mas como boa revolucionária, EU IRIA ENFRENTAR E VENCER SEM SER CORROMPIDA PELO SISTEMA!!! Praticamente um grito de guerra parecido com aqueles que eu dava na luta estudantil. Os anos passaram e sonhos antigos foram esquecidos. Mas na minha primeira eleição, já tinha dezoito, e quem estava concorrendo novamente? Luiz Inácio Lula da Silva. Cara, fui para todos os comícios que ocorreram no Recife, em um deles quase fui esmagada pela multidão sedenta por mudanças urgentes. Fiz campanha voluntária, convenci dezenas de pessoas que conviviam comigo a votar naquele cidadão nordestino: ele vai saber justamente do que a gente precisa, afinal ele é igual à gente! Alegava, quando questionavam sobre sua falta de experiência. Votei nele no primeiro e segundo mandato. Não posso dizer que estou de todo decepcionada, ele fez sim muitas coisas pelo cidadão da classe pobre, logicamente que em alguns casos o tiro saiu pela culatra, o “Bolsa Família”, por exemplo. Mas por favor, não me critiquem, pois eu ainda gosto e admiro este cara barbudo. Foi muito difícil pra mim também ver suas atitudes sobre o líder do Irã, os presos políticos de Cuba, como também o seu deslocamento, meio que sorrateiro, mas que todos os olhos críticos estavam vendo, da esquerda para mais próximo do centro.
Estou eu aqui divagando sobre isso porque a um mês da eleição estou meio em crise petista, que é o que sou. Tenho pensado muito em Dilma e não consigo enxergar nela a líder que quero para os próximos oito anos. São nesses devaneios tolos que me lembrei do livro de Pedro Collor: será que todos que entram são corrompidos? Até os mais simples e cientes de toda realidade, já que sofreram na pele tudo que o pobre trabalhador passa todos os dias? Acredito que no final das contas vou ficar com o número 13, mas com um peso na consciência enorme, de que sei que estou colocando alguém no poder que não se parece de esquerda. Mas vou fazer isto. É melhor que colocar um José Serra da vida, tudo bem que alguém me falou um dia desses em Plínio Arruda Sampaio, até assisti sua entrevista no Jornal da Globo, mesmo sabendo que é um canal de direita, e até gostei de algumas propostas, mas não acredito em seu potencial como líder de um país com escala continental. E os outros candidatos, não! São aqueles tipos de políticos que jogam terra nos dois candidatos que estão liderando as pesquisas e no final, se agregam no segundo turno a quem desceu o pau durante o primeiro, não acredito nesses tipos de políticos. Enfim não serei eu que salvarei o país de toda essa politicagem falsa, já que o sonho revolucionário ficou no passado juntamente com minha fase que gritava: “VIVA FIDEL, FIDEL, FIDEL E CHE, REVOLUÇAÕ E CUBA LIVRE PRA VALER!”, ABAIXO O CAPITALISMO, VIVA O SOCIALISMO! Ou também: EXALTA! THIAGUINHO, LIIIIND... eita! esse não, acho que estou confundindo as linhas de pensamentos (rsrsrsrs). Mas ainda sonho com o fato de votar em um político que não vai mudar de lado com o passar do mandato, em quem eu possa confiar. Tudo bem, acho que esse sonho é utópico demais, mas já que sonho é sonho e a gente tem de graça, não custa continuar sonhando.

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