"A medida do amor é amar sem medida" Santo Agostinho

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Andei lendo: Poema em Linha Reta, Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Serendipidade: coisas do acaso



“O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraído...” Sergio Brito

Estava em casa assitindo o novo filme de Juliana Paz, Bed & Breakfast, e comheci uma nova palavra para meu vocabulário. Serendipidade. Mais importante, conheci seu significado. Existem coisa na vida que acontecem totalmente por acaso. Sabe quando você menos espera e coisas ótimas acontecem, pronto. Não é isso, mas é mais ou menos isso que a palavra significa. Ou pelo menos é assim que quero usa-la no meu dia-a-dia.  Detalhe, se a pessoa fica em casa mal, reclamando por que s coisas não acontecem, óbvio que o acaso não vai bater a sua porta. A vida passa tão rápido, que ficar em casa esperando não ajuda muito. O bom é se jogar e esperar o inesperado. Agora vou começar meu dia esperando que as “serendipidades” esbarrem comigo, se forem boas aceito, se não, espero passar, afinal tudo passa não é mesmo?  E sempre existe solução pra tudo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sou do lema: Prefiro tá só do que mal acompanhada

       
Não sei de onde alguns homens tiraram a ideia de que mulher foi feita para ser mal tratada. Talvez por que a maioria delas aceite o comportamento errado de alguns, apenas para ter alguém para passar o final de semana.Tá, tudo bem, respeito a falta de zelo que estas tem consigo mesmas, mas deixa eu dar minha opinião. Para aceitar uma pessoa ao meu lado, seja ela um amigo ou um relacionamento amoroso, é preciso que eu perceba que a pessoa respeita a mim e as minhas opiniões, que gosta de mim e eu sinta o mesmo pela pessoa. Pode até demorar um pouco para que eu perceba, mas se, por ventura, as coisas não aconteçam dessa maneira, com toda certeza, vou querer essa pessoa passando bem longe de mim. Eu sei, reconheço que entristeço as pessoas vez em quando, mas de modo geral, sou gentil. Então, POR FAVOR, quero gentilizas em troca. Não sou burro de cargas, não nasci para levar patadas, não estou desesperada para aceitar ao meu lado quem me trate mal, nem tão pouco minha auto-estima está lá em baixo para  que eu não vire as costas quando alguém for deselegante comigo, pois sei que mais na frente existe muitas outras pessoas mais interessantes. Por enquanto, vou cuidando de mim sozinha, porque melhor é está só do que mal acompanhada.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Meu primeiro amor





Eu tinha sete anos quando comecei a estudar. Primeiro dia de aula, hora do almoço, minha mão tinha feito peixe, adooooro peixe. Comi e muito satisfeita peguei minha bolsa, fui para a escola. Estava com um vestido verde musgo horrível, cabelos mais ou menos e com um sapato preto, que pelo amor de deus de tão feio. A sala tinha umas mesinhas com quatro cadeiras ao redor e me sentei em uma que tinha lugares desocupados. O detalhe é que tinha esquecido de lavar as mãos depois do almoço e tava com cheiro de peixe. Quem estava na minha mesa era Joel, ele tirou muita onda por causa do cheiro, fiquei tão triste e nervosa e comecei a cantar baixinho e ele tirou mais onda ainda da música que eu estava cantando, cara, criei um ódio mortal, se é que se sente ódio mortal com sete anos de idade. Primeiro dia de aula e tirarem onda comigo na frente de todo mundo, foi horrível. Mas ele é quem me aguardasse. Passei uma semana juntando a gilete que meu pai usava para fazer a barba, muito maquiavélico, muuuuito maquiavélico, e afirmo: nunca, mas nunca tentem isso em casa. Num certo dia de aula esperei a professora sair da sala e então disse para ele que iria fazer um M de Márcia no rosto dele com aquelas giletes para que ele nunca se esquecesse de mim, meio doida né?! Mas enfim. Corri atrás dele por toda sala e acabei da diretoria tendo que pedi desculpas para que meus pais não fossem chamados a escola. Não parece, mas essa é uma história de amor, passei o resto dos quatro anos do primário apaixonada por aquele menino que tirou onda com a minha cara. Há alguns anos atrás reencontrei com ele, moramos ainda no mesmo bairro, e ele, sorrindo, me contou que ainda se lembrava da história.

Andei ouvindo

Mentes Ao Meu Coração, Maria Rita


Mentes ao meu coração que cansado de sofrer
Só deseja adormecer na palma da tua mão
Conta ao meu coração história das crianças
Para que ele reviva as velhas esperanças
Mente ao meu coração mentiras cor de rosa
Que as mentiras de amor não deixam cicatrizes
E tu és a mentira mais gostosa
De todas as mentiras que tu dizes

Música para os meus ouvidos


"Depois do silêncio, aquilo que mais aproximadamente exprime o inexprimível é a música." Aldous Huxley


Gosto muito de música. Acredito que sem ela eu perderia um dos milhares de sentidos que tenho. Adoro acordar com música que faz muito barulho, é exatamente do que preciso para acordar (sou daqueles tipos de pessoas que deixam o despertador no soneca por pelo menos uma quatro vezes). Para dormir, gosto de músicas mais calmas, como Lenine. Para pensar na vida, Legião Urbana, Cazuza... Adoro todo tipo de música, costumo dizer que depois de uns dois copos de vinho, danço até brega. Mas a música vai mais além do que ser apenas uma boa companhia de momentos bons ou ruins. Vejo a música como algo muito surpreendente. Algumas músicas conseguem me levar ao passado ou a lembranças tão distantes. Acho que se não existisse a música sentiria saudades de alguma coisa sem saber de que.


Minha vó Maria


O dia seguia bem, minha vó iria viajar para São Paulo, visitar as filhas e todos nós, dá família, fomos levá-la no aeroporto. Minha vó nunca tinha voado de avião e fomos dá o apoio moral. O problema é que, mais do que medo de avião, ela tinha medo de escada rolante. Minha vó, com setenta anos, uma saia muito chamativa, DETALHE ERA UM CONJUNTO SAIA E BLUSA VERDE LIMÃO GIGANTE, parou em frente à escada “como vou subir nisso e se eu cair?” “não vó, Marcos vai na frente e eu fico aqui atrás, a gente ajuda e nada vai acontecer, fique tranqüila.” Pois bem, como o combinado aconteceu, mas quando minha vó colocou o primeiro pé na escada, ficou com tanto medo que não teve coragem de colocar o outro. Cara, a cena foi muito hilária: minha vó, toda trabalhada no verde limão, com uma perna na escada e a outra fora. Quanto mais à escada subia mais ela abria escala e ela repetia “me tire daqui!”, meu irmão puxava em cima, eu empurrava de baixo, começou a juntar gente, e a gente ria muito. No final deu tudo certo, chegou até uma cadeira de rodas para ela quando chegamos em cima, mas foi muito engraçado.