"A medida do amor é amar sem medida" Santo Agostinho

domingo, 5 de setembro de 2010

O ônibus



Olhando pela minha janela do tempo, vislumbro aquele dia. Não, não espera encontrar você ali, nem mesmo fazia questão que você não estivesse, apenas não me importava. Mas você estava e eu ti vi... não senti nada. Apenas a surpresa do seu interesse por mim. Não estava procurando ninguém, mas te encontrei. Sua roupa vermelha, armadura de ferro. Aproximou-se de mim, nem gostei... também nem desgostei. Gostei do seu beijo, do seu toque, seu olhar. Mas depois daquele ônibus meus pensamentos se perderam em você e não encontram o caminho de volta. Tardes se passam inteiras e minha mente permanece longe daqui. Não sei para onde foi meu desejo de liberdade, nem onde está o meu deseja da prisão, complexo como complexo é a sua presença.
Vejo em você todos os mundos que tenho aqui dentro, e consigo entender um pouco mais de mim olhando você. E olhar você, procurando entender, é fascinante. Engraçado, porque fascinante é o que vejo se já sabia que existia? Passo noites em claro ao teu lado, o sono não vem, o assunto não acaba, e espero o por do sol, e termino o vinho, e adormeço ao teu lado. E me despeço, não sinto saudade. Sinto saudade, uma saudade imensa, envergonhada por não se conter, insegura, será que você ainda está aí? Está incompleto, me coloca medo... Me desestabiliza, faz fugir toda minha racionalidade. Quem disse que sei lidar, quando é meu coração quem manda. Não sou inocente, fico inocente ao seu lado, maldito coração que me atrapalha.
Perdida nas letras, procurando encontrar explicações e conexões, talvez até procurando entender aquilo que não foi feito paro o entendimento, fico vagando fora daquilo que chamam de realidade. Esta, altamente subjetiva, foge de mim quando estou ao seu lado. Não entendo como me deixei envolver assim. Com que direito me deixas nesse estado? Noites se passam com a sua ausência, que parece mais uma pessoa me dizendo que você não gosta de mim, jogando na minha cara que você não liga, saudade que até tenta fazer um ciúme, sentimento que há tempos não conheço bate a porta. Mas a noite acaba dias cheios, esqueço o medo, a segurança chega e penso que consigo deixar rolar o inesperado, doce engano. Alguns dias passam e já estou na saudade novamente.

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