"A medida do amor é amar sem medida" Santo Agostinho
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
A Solidão, Legião Urbana
Marco foi embora e não volta mais
E o trem das sete e meia sem ele
é um coração de metal sem a sua alma
No frio da cinza manhã da cidade
Na escola o banco está vazio, Marco está dentro de mim
É doce o seu respiro entre os meus pensamentos
Distâncias enormes parecem nos dividir
Mas dentro de mim o coração bate forte
Quem sabe você pensa em mim
Se com os seus pais não fala mais
Se você se esconde como eu,
se foge aos olhares e aí está
Trancafiado no quarto sem querer comer
Aperta forte o travesseiro contra si
E chora, sem saber quantos outros males
...te fará
A Solidão
Marco, tenho uma foto sua no meu diário
Você tem os olhos de um garoto meio tímido
Aperto-a forte contra o meu coração e sinto que você está
Entre os deveres de Inglês e Matemática
Teu pai e seus conselhos, que coisa chata
Ele e o seu trabalho te levaram embora
Com certeza ele nunca perguntou a sua opinião
Só disse "Um dia você me entenderá!"
Quem sabe você pensa em mim
Se conversará com seus amigos para não sofrer mais por mim, mas você sabe que não é fácil
À escola não posso ir mais, e as tardes sem você
É inútil estudar, todas as idéias vão em sua direção
Não é possível
Separar
A vida de nós dois
Te peço que me espere
meu amor
Mas não sei te iludir...
A solidão entre nós, dentro de mim este silêncio
É a preocupação de ter que viver a vida sem você
Peço que me espere porque
Não posso ficar sem você
Não é possível separar as nossas histórias
A solidão entre nós, dentro de mim este silêncio
É a preocupação de ter que viver a vida sem você
Peço que me espere porque
Não posso ficar sem você
Não é possível separar as nossas histórias
A Solidão...
Coisa de doido é essa facul
Em 2002 decidi que queria fazer o Curso de Ciências Biológicas na UFPE. Tudo certo, mas também adorava Física, e agora? Pensei: faço Biologia quando terminar vou para Física, acho que não vai ser tão difícil assim (anraaan!). Terminei Biológicas, o tempo passou e em 2009 consegui passar na UFRPE e comecei o curso. Cara! Tô ralando como uma doida. Cálculo é doidice, Física é doidice, mas eu gosto e acho que não vou desistir não... Pelo menos por enquanto.
Einstein e a religião
"O espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica. Ela se distingue da crença das multidões ingênuas que consideram Deus um Ser de quem esperam benignidade e do qual temem o castigo - uma espécie de sentimento exaltado da mesma natureza que os laços do filho com o pai, um ser com quem também estabelecem relações pessoais, por respeitosas que sejam. Mas o sábio, bem convencido, da lei de causalidade de qualquer acontecimento, decifra o futuro e o passado submetidos às mesmas regras de necessidade e determinismo. A moral não lhe suscita problemas com os deuses, mas simplesmente com os homens. Sua religiosidade consiste em espantar-se, em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser seu nada irrisório. Este sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida, de sua coragem, na medida em que supera a servidão dos desejos egoístas. Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele que animou os espíritos criadores religiosos em todos os tempos." Albert Einstein
São palavras de um sábio, um dos maiores de todos os tempos para mim, concordo com quase todas as teorias dele que já tive acesso, mas não consigo concordar com estas idéias. Não entendo como um homem que acreditava na Física Quântica, acreditava em partículas que só podem ter a chance de ser provadas a sua existência agora com os aceleradores de partículas (mais de meio século depois da sua morte), acreditava apenas na beleza das obras e desacreditava no Criador. Entendo que o aprendizado das ciências e a pesquisa científica cegam um pouco, nos deixando até ateus, entendo, por que já passei por essa fase. Mas Deus se faz presente em tantas coisas e há essa dificuldade em aceitar a existência desse ser tão vivo quanto meu Deus. Aceito essa incredulidade, dele e de tantas pessoas que conheço. E aceito também a crença dos outros em outros deuses, não imponho minha crença a ninguém, me acho imatura demais para conseguir explicar o que sinto, por que o que sinto, apenas sinto. Deus existe, ponto. Mas mesmo assim acho interessante a maneira que ele fala de Deus, como “religiosidade cósmica”. É até engraçado que um homem tão inteligente prefere acreditar numa RELIGIOSIDADE CÓSMICA que num Deus mais vivo.
Concordo quando ele diz: “O espírito científico, fortemente armado com seu método...” o espírito científico não está apenas armado com seus métodos, mas também com a descrença naquilo que não pode ser provado por cálculos matemáticos. Mas não concordo quando ele diz: “se distingue da crença das multidões ingênuas que consideram Deus um Ser de quem esperam benignidade” por que não me considero ingênua, me considero até inteligente demais e ainda assim acredito, com muitos questionamentos (claro), já que me foi dada uma mente pensante.
Mas acredito que ele acreditava sim, do seu jeito, mas acreditava:
“Eu quero saber como Deus criou este mundo. Não estou interessado neste ou naquele fenômeno, no espectro deste ou daquele elemento. Eu quero conhecer os pensamentos Dele, o resto são detalhes.” Albert Einstein
Com essas palavras, só estava dizendo acreditar nesse Deus, criticando esse conceito de Einstein sobre Deus, e dizendo que a pesar das suas inclinações religiosas, ainda dou muito crédito as conceitos científicos dele, a pesar das muitas críticas sofridas com as novas descobertas na área da Física Quântica.
O FIM (março de 2009)
Diante de todas as dificuldades que passou durante pelo menos os últimos dez anos, para aquela, não encontrava uma solução possível, pelo menos para se enganar achando que a felicidade viria. Antes tudo era possível, olhar a realidade dura e se enganar... fui até o quarto, um copo de água na mão, encostei na porta. Olhei em volta, aquele quarto, onde passei momentos maravilhosos, agora não representava nada. Apenas as lembranças que queria esquecer e ao mesmo tempo arrumava subterfúgios para não se esquecer de nada. Onde ele está agora? Eu não sabia que estava acabando, então como poderia ter feito alguma coisa para não deixar acabar assim. “Não, não faça isso! você não é culpada.” Minha mente repetia para mim o tempo todo. A única solução plausível era deixar de existir. Será que tenho essa coragem? Não, não tenho. Os dias correm tão lentamente, parece que o mundo corre em câmera lenta quando não estás por perto. Será que um dia vou rir disso tudo, ou ao menos esquecer? Não me vejo amando outra pessoa como... Prefiro não pensar, mas é a única coisa que consigo fazer, pensar. Deito-me nesse chão frio, as lágrimas rolam involuntariamente, um cansaço bate, nem sei como consegui trabalhar hoje, o sono chega igualzinho como chega àquelas crianças que adormecem chorando porque a mãe não deixou ir brincar no vizinho. Enfim adormeço e sonho sonhos lindos de quando estavas aqui, até consigo sorrir. Mas o medo agora é acordar e voltar para a realidade da sua ausência.
Solitude
A Solitude pode ser vista por vários ângulos. Podemos nos sentir bastante frágil ou encontrar nela forças para prosseguir, seu ângulo vai depender de como você encara a vida. Tenho aprendido a conversar com Deus nesses meus momentos a sós. Tenho lido Mateus e percebido que até Jesus Cristo se retira para o monte e fica a sós com o Senhor. Afasto-me de Deus por muitas vezes, mas Deus é tão misericordioso que ao me aproximar Dele não sinto que ele também se afastou de mim, pelo contrário, Ele clama pela minha reaproximação. Óbvio que Deus quer que vivamos em comunhão com os outros, Ele fez o homem para o relacionamento, mas precisamos ficar sozinhos com Ele vez em quando para escutá-lo falar. O corre-corre, a agitação do mundo, o trabalho, as pessoas tem nos afastado de Deus e é necessária uma aproximação para uma boa conversa, orações e aprendizado. Enfim, estar sozinha com Ele tem feito muito bem para o meu coração e para minha alma.
O que é bonito, Lenine
O que é bonito
É o que persegue o infinito
Mas eu não sou
Eu não sou, não...
Eu gosto é do inacabado
O imperfeito, o estragado que dançou
O que dançou...
Eu quero mais erosão
Menos granito
Namorar o zero e o não
Escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo o que acredito
Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito
Que a gente vai, a gente vai
E fica a obra
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra
Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça
O que é bonito...
Coincidências do Amor
Muitas vezes, por medo, ou por qualquer outra coisa, deixamos o amor escapar. Ele está ali diante dos nossos olhos, mas deixamos ir porque é inseguro, vai dar trabalho, ou até é demais para mim. No filme Coincidências do Amor, aliás, um filme muito gostoso de assistir, encontrei exatamente isso. Um homem que é apaixonado por sua melhor amiga a treze anos, mas por medo não faz com que as coisa aconteçam. Lógico que no enredo existem outras coisas que deixam o filme mais engraçado, mas no meu filtro o que ficou de mensagem é que perdemos tempo com os “se” da vida, tipo: e se não der certo, se eu levar um fora, se não conseguir falar, se bancar o idiota. Pior do que passar treze anos da vida, que já é curta, apaixonado e sem dizer nada, não pode ficar. O filme é gostoso, é engraçado e é comédia romântica, que eu adoooooro.
A árvore
O que pode ser melhor do que um balanço e um pé de árvore? Para muitas situações, tantas coisas podem ser melhores, mas para o descanso da alma, pra mim basta. Esses dias fui para o acampamento paraíso, o lugar é lindo. Muitas árvores, cada flor mais linda que a outra, bicho na mata, que fica ao lado do acampamento, pessoas engraçadas (adoro pessoas bem humoradas). Perfeito. Muitos jogos, brincadeiras, mas como de costume, fui atrás de um bom lugar para pensar, pensar em tudo, tudo mesmo, desde as roupas que deixei na máquina de lavar a dois dias, até como será que consigo escutar a voz de Deus, como vou ficar sem ver minha irmã ou até que perfeição é o processo de polinização (tudo bem, isso já é demais, mas enfim eu gosto). Não fico assim o dia todo, penso, interajo com os outros, penso... Tudo isso pra mim é normal, faz parte das minhas características humanas. O engraçado nisso é que para as outras pessoas me ver sozinha, ali, debaixo daquela árvore era solitário (bom, pra mim solitude não é ruim, quando é de vez em quando), parecia que eu estava deprimida aos olhos deles. Todos preocupados, uns me chamando para a piscina, outros para uma conversa. E eu só estava meditando. E acho que de tudo que foi muito bom naquele fim de semana, àquela árvore foi à melhor delas.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
CARPE DIEM
Perdemos o tempo presente ocupando nossa mente com o tempo futuro e ainda sofremos com a insegurança do que está por vir. De acordo com Horácio, filósofo grego da Idade Antiga, o tempo passa rápido e esse tempo a gente perde se preocupando com o amanhã. O bom da vida é apreciar e viver o hoje, porque o amanhã pertence ao futuro e não está sob o nosso domínio. Se o ser humano pudesse ser livre da ansiedade, da vontade de ter o outro, do medo da perda e dos padrões pré-estabelecidos com toda certeza seria mais feliz.
Algumas coisas realmente têm quer ser planejadas: um check up médico, uma compra de um imóvel, um curso superior. Mas outras? Definitivamente não precisam de planos: “semana que vem vou visitar aquela amiga que só vi no ano passado.” Cara, e se ela morrer? E se você morrer? Se você tem tempo, então vai hoje! Ei! Carpe Diem! Aproveite o momento! Ele é único sabia? Não deixe de testamento apenas planejamentos, dinheiro guardado no banco e sonhos não alcançados. Deixe para suas descendentes muitas histórias engraçadas, muitos micos vividos, muitas histórias de amor e também um monte de dor de cotovelo. Aproveite o Hoje para rir, o bom humor é um excelente remédio para tudo. Aproveite o dia para elogiar e ajudar alguém. Aproveite o dia para cuidar de você (corpo e espírito). Aproveite o dia para amar. E ame com a maior intensidade possível. Seja igual ao poeta, exagerado, o amor e qualquer outra coisa não presta se for comedido, fica chato. Enfim aproveite o momento, ele é a única coisa que temos de verdade.
MATA ATLÂNTICA E CONSERVAÇÃO
Uma floresta colossal esperava os portugueses quando eles chegaram para colonizar a América do Sul. Diversificada, mas contínua, ela estendia-se do nordeste do Brasil até o atual estado do Rio Grande do Sul. Ao longo de todo o seu comprimento, essa vasta e densa floresta, a Mata Atlântica, penetrava para o interior até limites não muito bem conhecidos hoje – no sul, certamente além das fronteiras atuais da Argentina e do Paraguai (CÂMARA, 2005).
De acordo com a definição de Domínio da Mata Atlântica adotada pelo CONAMA e o Mapa da Vegetação do Brasil, publicado pelo IBGE em 1993, a floresta cobria originalmente uma área de 1.363.000km2, equivalente a 16% do território nacional. Ela abrangia, em parte ou no todo, 17 estados: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul. Em contraste, de acordo com os mais recentes dados publicados (MMA, 2000a), a área remanescente em 1995 foi estimada em 98.878km2, ou apenas 7,25% da cobertura original (CÂMARA, 2005).
A destruição da Mata Atlântica começou com a chegada dos europeus em solo brasileiros. A área onde está inserida a Mata Atlântica foi uma área que sofreu durante todos os ciclos econômicos brasileiro. Teve inicio com a exploração exacerbada de pau-brasil (Caesalpinia echinata), passando pela corrida pelo ouro e pedras preciosas, plantio de café, pecuária e agroindústria. Mas mesmo com tantos impactos ocorridos ao longo de cinco séculos, a destruição da Floresta Atlântica Brasileira nunca sofreu tanto como durante o último século. A população brasileira tem crescido numa taxa maior que a taxa mundial e esse crescimento populacional trás consigo a construção de estradas, ferrovias, hidrovias e portos, com o objetivo de estimular o crescimento econômico e principalmente explorar novos recursos naturais em novas áreas. Dessa forma, o processo de urbanização, conseqüência do crescimento da população humana, tem acarretado impactos ao meio ambiente de uma maneira assustadora. A demografia e a ocupação do território, somados a outros fatores, implicam na ineficiência da conservação, levando à perda da biodiversidade. O aumento da população humana agrava a pobreza e a migração, levando à dissolução dos mecanismos sociais responsáveis pelo manejo adequado dos recursos naturais.
Durante os últimos 200 anos tem ocorrido um enorme crescimento demográfico na mata Atlântica e hoje ela abriga cerca de 70% da população brasileira. O aumento do tamanho da população ocorrido nesse período tem levado à destruição da mata, em conseqüência da expansão urbana descontrolada, a industrialização e as migrações. Existe a necessidade de mudança no paradigma nacional no que se trata de conservação da biodiversidade. O governo brasileiro ainda está engatinhando quando o assunto é preservação, programas políticos são necessários sim, mas se não houver contratação de pessoal para uma fiscalização eficaz, já que a quantidade atual é insignificante, e uma ampliação no investimento nas áreas de pesquisas relacionadas, já que as nossas pesquisas são financiadas por ONGs ou entidades estrangeiras, os esforços não atingirão seus objetivos.
A SOLIDÃO É UMA AMIGA TAGARELA
Conheço pessoas que morrem de medo de ficar sozinhas. Relacionam-se com amigos que não são tão amigos, homens que não são tão Homens, apenas para estarem rodeadas de pessoas e não escutar o eco da solidão. Por que a solidão fala, e fala muito, fala até o que fingimos não saber. É na solidão que conseguimos enxergar coisas em nós mesmos que o corre-corre e o barulho da vida não nos deixam enxergar.
Aproveito a solidão para aprender sobre a vida e sobre mim mesmo, fazer autocrítica, xingar pessoas que não tenho coragem, entender minhas angústias e medos. Tudo que escuto nesses momentos são palavras honestas e sem freios, que amigos não falam. Não entendo como as pessoas querem fugir disso e acho que todos deveriam ter momentos assim, de aprendizado e reflexões. A vida pede parada de vez em quando e temos o direito e o dever de lhe conceder isso. Penso muito nisso quando escuto Lenine e ele diz: “e quando tudo acelera e pede pressa eu me recuso, faço hora, vou na valsa, a vida não para...”.
Na minha solidão eu escrevo, eu fantasio, escuto música, vôo bem alto, mas aterrizo e escuto a mim mesma. Não vou mentir, há coisas difíceis de escutar, principalmente quando vão de encontro com as coisas que queremos, muitas vezes até escutamos o que fazer, mas fazemos o contrário porque não concordamos. Entretanto quando paramos e escutamos, aprendemos e crescemos um pouco. Por isso tudo, não tenho medo da solidão e até gosto de vez em quando e acabo me identificando com palavras de Clarice Lispector quando diz: “Minha força está na minha solidão, não tenho medo das chuvas tempestivas, nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.” E de Adriana Lisboa: “Eu também sou eu apenas, eu só e mais nada nem ninguém.”. Por isso não preciso está com alguém necessariamente para me sentir bem. É óbvio que é bom ter alguém por perto, já que o homem é um ser social, mas não me maltrata ser sozinha ou estar sozinha temporariamente, até me melhora.
Aproveito a solidão para aprender sobre a vida e sobre mim mesmo, fazer autocrítica, xingar pessoas que não tenho coragem, entender minhas angústias e medos. Tudo que escuto nesses momentos são palavras honestas e sem freios, que amigos não falam. Não entendo como as pessoas querem fugir disso e acho que todos deveriam ter momentos assim, de aprendizado e reflexões. A vida pede parada de vez em quando e temos o direito e o dever de lhe conceder isso. Penso muito nisso quando escuto Lenine e ele diz: “e quando tudo acelera e pede pressa eu me recuso, faço hora, vou na valsa, a vida não para...”.
Na minha solidão eu escrevo, eu fantasio, escuto música, vôo bem alto, mas aterrizo e escuto a mim mesma. Não vou mentir, há coisas difíceis de escutar, principalmente quando vão de encontro com as coisas que queremos, muitas vezes até escutamos o que fazer, mas fazemos o contrário porque não concordamos. Entretanto quando paramos e escutamos, aprendemos e crescemos um pouco. Por isso tudo, não tenho medo da solidão e até gosto de vez em quando e acabo me identificando com palavras de Clarice Lispector quando diz: “Minha força está na minha solidão, não tenho medo das chuvas tempestivas, nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.” E de Adriana Lisboa: “Eu também sou eu apenas, eu só e mais nada nem ninguém.”. Por isso não preciso está com alguém necessariamente para me sentir bem. É óbvio que é bom ter alguém por perto, já que o homem é um ser social, mas não me maltrata ser sozinha ou estar sozinha temporariamente, até me melhora.
O prestanista
Existem pessoas fortes, que nascem com tanta determinação que servem para serem admiradas. Meu pai é uma dessas pessoas. A maioria das lembranças que tenho dele, ao longo da minha vida, é ele trabalhando. Meu pai vem de uma família pobre e não teve uma infância muito boa. Aos doze anos de idade meu avô o deixou numa casa de um conhecido para que com seu trabalho na mesma ele tivesse direito a comida e roupas. Não entendo porque meu avô fez isso, mas fez. Meu pai, seu Brasil, como a maioria das pessoas o chama, poderia ter crescido reclamando da vida, lamentando-se por conta da vida que teve, mas não, é um dos homens mais paciente que já conheci. A primeira imagem que tenho dele, é do momento quando ele se organizava para sair para o trabalho. Como ele não completou seus estudos, era prestanistas (saía de porta em porta oferecendo todo tipo de coisa para as pessoas pagarem em várias prestações). lembro dele nos dias de chuva, meu pai acordava sedo, ia à padaria comprava pão, leite, manteiga, queijo quando o dinheiro dava. Ligava o fogo, como lá em casa não tinha muitas panelas, a vida era ainda muito difícil, ele assava o pão nas costas de uma tampa de panela, acordava a gente (os cinco filhos), dava café da manhã e começava a se organizar para ir trabalhar.
Seu Brasil colocava uma calça de brim já gasta pelo tempo de uso e pelo sol escaldante durante o dia de serviço, dobrava a calça até a metade da canela, para não molhar com a chuva, olhava em seus bloquinhos de anotações os bairros que tinha cobrança, os locais que tinha que fazer entrega. Lembro bem nitidamente que ele amarrava uns lençóis nos outros, juntamente a panelas, bacias, baldes e com um barbante juntava todo aquele material para venda e colocava nas costas como se fosse uma bolsa, eu imaginava que aquilo pesasse bastante. Passava o dia inteiro na rua. Ele andava tanto, pra cima e para baixo, que suas sandálias sempre viviam muito gastas, engraçado que era mais gasta de um lado do pé, igualzinha as minhas de hoje em dia. A vontade que eu tinha era crescer e arrumar um emprego que pagasse bem para que ele pudesse parar de trabalhar e também para comprar um fusquinha novinho para ele. Ele adorava fusquinha, igualzinho ao meu avô. Pensando nisso acabei de lembrar que minha mão brigava com ele porque mesmo com o pouco dinheiro que tinha ainda resolvia comprar UM CARRO, coitado! O máximo que ele comprava era um fusquinha todo quebrado por uns mil e oitocentos reais, ajeitava ele todinho e trocava por outro melhor (um chevete verde da década de setenta que soltava uma fumaça preta que manchava toda a parede da frente da casa, um melhor!). Mas tudo bem porque era a sua felicidade. Nos domingos de manhã, quando não estava trabalhando, estava debaixo do carro velho ajeitando, todo feliz. Uma vez acordei umas sete da manhã com ele chamando a gente para olhar o carro novo, que ele tinha trocado no Chevete, um Opala preto gigantesco que nem cabia dentro da garagem e que ainda fazia um barulho enorme quando ele tentava dar a primeira partida. Primeira né? Porque o carro só saía depois da quinta tentativa mais ou menos.
A pesar de tudo educou todos os cinco filhos debaixo de rédea curta, como ele costumava dizer, e a gente dizia que parecia um quartel. Mas educou bem, e isso eu tenho que agradecer a ele. Todos os filhos terminaram o segundo grau, coisa que ele só terminou aos quarenta e sete anos e minha mão só têm o primário. Cláudia, a irmã mais velha, fez faculdade de Geografia e está casada morando no Rio de Janeiro. Eu sou funcionária pública, formada em Biologia e atualmente cursando Física, Paulo mora na Bélgica e está para abrir um restaurante em Bruxelas, Marcos é professor de música no Rio e Marta, a mais nova, está cursando Matemática. Cara pra quem foi abandonado com doze anos e teve uma vida difícil e de muitas privações, acho ele um herói e se alguém me perguntar quem é meu ídolo, com toda certeza vou responder que é o meu pai, por todas as noites que ele acordava com meu choro, me dava leite e só dormia quando eu já tinha dormido. Pelos três reais que ele tirava todo dia do seu suor diário para eu almoçar na faculdade, pelas broncas, pelas surras, pelos castigos de joelho no feijão, pela sua presença ausente, que só entendo hoje. Gostaria até de ter coragem de dizer cara a cara: pai te amo, mas infelizmente não temos essa proximidade. Enfim é um homem admirável.
domingo, 5 de setembro de 2010
Meu Mundo É O Barro, O Rappa
Moço, peço licença
Eu sou novo aqui
Não tenho trabalho, nem passe, eu sou novo aqui
Não tenho trabalho, nem classe, eu sou novo aqui
Eu tenho fé
Que um dia vai ouvir falar de um cara que era só um Zé
Não é noticiário de jornal, não é
Não é noticiário de jornal, não é
Sou quase um cara
Não tenho cor, nem padrinho
Nasci no mundo, sou sozinho
Não tenho pressa, não tenho plano, não tenho dono
Tentei ser crente
Mas, meu cristo é diferente
A sombra dele é sem cruz, dele é sem cruz
No meio daquela luz, daquela luz
E eu voltei pro mundo aqui embaixo
Minha vida corre plana
Comecei errado, mas hoje eu tô ciente
Tô tentando se possível zerar do começo e repetir o play
Não me escoro em outro e nem cachaça
O que fiz tinha muita procedência
Eu me seguro em minha palavra
Em minha mão, em minha lavra
Eu sou novo aqui
Não tenho trabalho, nem passe, eu sou novo aqui
Não tenho trabalho, nem classe, eu sou novo aqui
Eu tenho fé
Que um dia vai ouvir falar de um cara que era só um Zé
Não é noticiário de jornal, não é
Não é noticiário de jornal, não é
Sou quase um cara
Não tenho cor, nem padrinho
Nasci no mundo, sou sozinho
Não tenho pressa, não tenho plano, não tenho dono
Tentei ser crente
Mas, meu cristo é diferente
A sombra dele é sem cruz, dele é sem cruz
No meio daquela luz, daquela luz
E eu voltei pro mundo aqui embaixo
Minha vida corre plana
Comecei errado, mas hoje eu tô ciente
Tô tentando se possível zerar do começo e repetir o play
Não me escoro em outro e nem cachaça
O que fiz tinha muita procedência
Eu me seguro em minha palavra
Em minha mão, em minha lavra
O ônibus
Olhando pela minha janela do tempo, vislumbro aquele dia. Não, não espera encontrar você ali, nem mesmo fazia questão que você não estivesse, apenas não me importava. Mas você estava e eu ti vi... não senti nada. Apenas a surpresa do seu interesse por mim. Não estava procurando ninguém, mas te encontrei. Sua roupa vermelha, armadura de ferro. Aproximou-se de mim, nem gostei... também nem desgostei. Gostei do seu beijo, do seu toque, seu olhar. Mas depois daquele ônibus meus pensamentos se perderam em você e não encontram o caminho de volta. Tardes se passam inteiras e minha mente permanece longe daqui. Não sei para onde foi meu desejo de liberdade, nem onde está o meu deseja da prisão, complexo como complexo é a sua presença.
Vejo em você todos os mundos que tenho aqui dentro, e consigo entender um pouco mais de mim olhando você. E olhar você, procurando entender, é fascinante. Engraçado, porque fascinante é o que vejo se já sabia que existia? Passo noites em claro ao teu lado, o sono não vem, o assunto não acaba, e espero o por do sol, e termino o vinho, e adormeço ao teu lado. E me despeço, não sinto saudade. Sinto saudade, uma saudade imensa, envergonhada por não se conter, insegura, será que você ainda está aí? Está incompleto, me coloca medo... Me desestabiliza, faz fugir toda minha racionalidade. Quem disse que sei lidar, quando é meu coração quem manda. Não sou inocente, fico inocente ao seu lado, maldito coração que me atrapalha.
Perdida nas letras, procurando encontrar explicações e conexões, talvez até procurando entender aquilo que não foi feito paro o entendimento, fico vagando fora daquilo que chamam de realidade. Esta, altamente subjetiva, foge de mim quando estou ao seu lado. Não entendo como me deixei envolver assim. Com que direito me deixas nesse estado? Noites se passam com a sua ausência, que parece mais uma pessoa me dizendo que você não gosta de mim, jogando na minha cara que você não liga, saudade que até tenta fazer um ciúme, sentimento que há tempos não conheço bate a porta. Mas a noite acaba dias cheios, esqueço o medo, a segurança chega e penso que consigo deixar rolar o inesperado, doce engano. Alguns dias passam e já estou na saudade novamente.
Silêncio , Clarice Lispector
É tão vasto o silêncio da noite na montanha. É tão despovoado. Tenta-se em vão trabalhar para não ouvi-lo, pensar depressa para disfarçá-lo. Ou inventar um programa, frágil ponto que mal nos liga ao subitamente improvável dia de amanhã. Silêncio tão grande que o desespero tem pudor. Os ouvidos se afiam, a cabeça inclina, o corpo todo escuta: nenhum rumor. Nenhum galo. Como estar ao alcance dessa profunda meditação do silêncio. Desse silêncio sem lembranças de palavras. Se és morte, como te alcançar.
É um silêncio que não dorme: é insone: imóvel mas insone; e sem fantasmas. É terrível - sem nenhum fantasma. Inútil querer povoá-lo com a possibilidade de uma porta que se abra rangendo, de uma cortina que se abra e diga alguma coisa. Ele é vazio e sem promessa. Se ao menos houvesse o vento. Vento é ira, ira é a vida. Ou neve. Que é muda mas deixa rastro - tudo embranquece, as crianças riem, os passos rangem e marcam. Há uma continuidade que é a vida. Mas este silêncio não deixa provas. Não se pode falar do silêncio como se fala da neve. Não se pode dizer a ninguém como se diria da neve: sentiu o silêncio desta noite? Quem ouviu não diz.
A noite desce com suas pequenas alegrias de quem acende lâmpadas com o cansaço que tanto justifica o dia. As crianças de Berna adormecem, fecham-se as últimas portas. As ruas brilham nas pedras do chão e brilham já vazias. E afinal apagam-se as luzes as mais distantes.
Mas este primeiro silêncio ainda não é o silêncio. Que se espere, pois as folhas das árvores ainda se ajeitarão melhor, algum passo tardio talvez se ouça com esperança pelas escadas.
Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece.
O coração bate ao reconhecê-lo.
UM DIA PENSEI SER POLÍTICO
Há alguns anos atrás, na minha fase revolucionária, com 15 ou 16 anos, pensei que ao crescer poderia entrar para a política. O Brasil estava numa fase razoável, mas completamente fora do que eu esperava para o meu país, afinal estávamos sob o governo de FHC. Mas me lembrava muito bem da fase que você ia à feira, já que via o sofrimento dos meus pais, e não conseguia comprar sequer o que tinha comprado no dia anterior por conta da super inflação, que jogava os preços para cima e para baixo o tempo todo. Se você encontrasse um quilo de charque, porque carne naqueles dias nem pensar, você gastava o dinheiro com ela porque no outro dia já não poderia levar mais. Foi naqueles anos que me deparei com a imagem de um homem barrigudo, barbudo, baixinho e nordestino. Apaixonei-me por ele e por toda sua filosofia. Comecei a ler textos sobre Karl Marx, Ernesto Che Guevara, Fidel Castro e outros mais, que influenciavam aquele homem. Seus discursos calorosos, toda sua história de retirante, metalúrgico e líder de sindicato numa época poucos anos depois de uma ditadura militar pesada. Ainda não podia votar, então esperava ansiosamente pelos dezoito anos. Durante todos aqueles anos pensava em o que estudar ou o que fazer para alcançar lugares altos dentro da política. Nessa minha busca me deparei com um livro de Pedro Collor de Melo, falando sobre aquele mundo que um dia eu queria chegar, se tudo aquilo que estava escrito era verdade, então não queria mais fazer parte daquilo, mas como boa revolucionária, EU IRIA ENFRENTAR E VENCER SEM SER CORROMPIDA PELO SISTEMA!!! Praticamente um grito de guerra parecido com aqueles que eu dava na luta estudantil. Os anos passaram e sonhos antigos foram esquecidos. Mas na minha primeira eleição, já tinha dezoito, e quem estava concorrendo novamente? Luiz Inácio Lula da Silva. Cara, fui para todos os comícios que ocorreram no Recife, em um deles quase fui esmagada pela multidão sedenta por mudanças urgentes. Fiz campanha voluntária, convenci dezenas de pessoas que conviviam comigo a votar naquele cidadão nordestino: ele vai saber justamente do que a gente precisa, afinal ele é igual à gente! Alegava, quando questionavam sobre sua falta de experiência. Votei nele no primeiro e segundo mandato. Não posso dizer que estou de todo decepcionada, ele fez sim muitas coisas pelo cidadão da classe pobre, logicamente que em alguns casos o tiro saiu pela culatra, o “Bolsa Família”, por exemplo. Mas por favor, não me critiquem, pois eu ainda gosto e admiro este cara barbudo. Foi muito difícil pra mim também ver suas atitudes sobre o líder do Irã, os presos políticos de Cuba, como também o seu deslocamento, meio que sorrateiro, mas que todos os olhos críticos estavam vendo, da esquerda para mais próximo do centro.
Estou eu aqui divagando sobre isso porque a um mês da eleição estou meio em crise petista, que é o que sou. Tenho pensado muito em Dilma e não consigo enxergar nela a líder que quero para os próximos oito anos. São nesses devaneios tolos que me lembrei do livro de Pedro Collor: será que todos que entram são corrompidos? Até os mais simples e cientes de toda realidade, já que sofreram na pele tudo que o pobre trabalhador passa todos os dias? Acredito que no final das contas vou ficar com o número 13, mas com um peso na consciência enorme, de que sei que estou colocando alguém no poder que não se parece de esquerda. Mas vou fazer isto. É melhor que colocar um José Serra da vida, tudo bem que alguém me falou um dia desses em Plínio Arruda Sampaio, até assisti sua entrevista no Jornal da Globo, mesmo sabendo que é um canal de direita, e até gostei de algumas propostas, mas não acredito em seu potencial como líder de um país com escala continental. E os outros candidatos, não! São aqueles tipos de políticos que jogam terra nos dois candidatos que estão liderando as pesquisas e no final, se agregam no segundo turno a quem desceu o pau durante o primeiro, não acredito nesses tipos de políticos. Enfim não serei eu que salvarei o país de toda essa politicagem falsa, já que o sonho revolucionário ficou no passado juntamente com minha fase que gritava: “VIVA FIDEL, FIDEL, FIDEL E CHE, REVOLUÇAÕ E CUBA LIVRE PRA VALER!”, ABAIXO O CAPITALISMO, VIVA O SOCIALISMO! Ou também: EXALTA! THIAGUINHO, LIIIIND... eita! esse não, acho que estou confundindo as linhas de pensamentos (rsrsrsrs). Mas ainda sonho com o fato de votar em um político que não vai mudar de lado com o passar do mandato, em quem eu possa confiar. Tudo bem, acho que esse sonho é utópico demais, mas já que sonho é sonho e a gente tem de graça, não custa continuar sonhando.
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