"A medida do amor é amar sem medida" Santo Agostinho

quarta-feira, 9 de março de 2011

O Camaleão


Deixa-me ser esse cavaleiro andante, que vaga entre as árvores da floresta, solitário e forte, ou frágil, não sei. Não me dispa das minhas armaduras pesadas, que já fazem parte do meu ser. Eu tão inexorável e decidido. Não me diga que não sou ou que minto. Que covardia tirar de mim a única amiga palpável, a solidão. Deixe-me só, me viro sozinho. Não fique. Desista de tentar me transforma no que sou, não sei se é triste. Tenho medo de enxergar a beleza em mim, as cascas me protegem. Não insista, se sou assim ou não, agora é tarde. A estrada já me transformou. Já saí do casulo, mas não virei borboleta, com asas de um colorido vistoso e delicado, virei camaleão, áspero, imperceptível, mutável, que se acostumou a habitar desertos muito quentes. Deixei de ser casca e agora eu sou o que achava que era. Não mudo só me adapto. Não fujo, me camuflo, deixo de ser caça e viro caçador. Durmo só em cavernas frias de noite. E espero o amanhecer...






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