"Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo." Clarice Lispector
"A medida do amor é amar sem medida" Santo Agostinho
quarta-feira, 9 de março de 2011
Aprendizado
Muitos problemas já se abateram sobre mim e trouxeram meus medos como acompanhantes. Já sofri com a ausência de amor e cuidado durante toda minha infância. Sofri com uma perda muito dolorosa agora já adulta, que tem custado desaparecer. Com uma doença que me trouxe muitos problemas e medos e alguns apertos complicados. Por muitas vezes já perguntei o porquê desses problemas, sem respostas, óbvio, não existe respostas para esses tipos de perguntas. Essas coisas acontecem ou porque fazem parte da vida ou como conseqüências dos nossos atos falhos, como simplesmente é mais difícil assumir a culpa nós apenas seguimos nos perguntando o porquê e colocando a culpa em outras pessoas, é mais fácil.
O interessante é que, hoje , quando paro para refletir , gosto de ter passado por situações tão difíceis, já que, se por acaso eu não tivesse enfrentado estas situações, muito provavelmente não saberia que carrego essa força e essa capacidade de resolver as coisas sem culpar os outros e nem teria aprendido muito sobre o mundo e sobre mim mesmo. Mas não sou de todo tão compreensiva. Consigo, umas vezes, reclamar demais diante de situações difíceis e falar muitas vezes que Deus é injusto. Mas em que adianta esse tipo de atitude? Definitivamente não aprendo nada.
Então do que adianta o sofrimento sem o aprendizado? Tenho aprendido escolher o aprendizado e não a dor interminável para passar pelo sofrimento, inerente a vida. Tenho um longo caminho, é bem verdade. Tenho sido bem imatura em muitos momentos. Mas ainda tenho uma vida de aprendizado pela frente.
O Início
O dia amanheceu, as estrelas que antes enchiam o céu de
brilho vão se exaurindo. O céu vai adquirindo um azul clarinho
entre traços alaranjados como prenúncios do sol. Caminho
devagar pela areia branca da praia, que roçam entre os meus
dedos quase que fazendo carinho. Tiro a roupa devagar e entro
no mar, quase que sem escutar o barulho das poucas pessoas
que restaram da noite anterior ou que acabaram de chegar.
Mergulho em águas tão grandes e sinto minha alma sendo
limpa de todas as tristezas e dores de um dia que não
existe mais. Faço isso quando estou triste, e cada vez que faço
parece diferente da vez anterior, até porque as coisas que se
vão são outras.
O Camaleão
Deixa-me ser esse cavaleiro andante, que vaga entre as árvores da floresta, solitário e forte, ou frágil, não sei. Não me dispa das minhas armaduras pesadas, que já fazem parte do meu ser. Eu tão inexorável e decidido. Não me diga que não sou ou que minto. Que covardia tirar de mim a única amiga palpável, a solidão. Deixe-me só, me viro sozinho. Não fique. Desista de tentar me transforma no que sou, não sei se é triste. Tenho medo de enxergar a beleza em mim, as cascas me protegem. Não insista, se sou assim ou não, agora é tarde. A estrada já me transformou. Já saí do casulo, mas não virei borboleta, com asas de um colorido vistoso e delicado, virei camaleão, áspero, imperceptível, mutável, que se acostumou a habitar desertos muito quentes. Deixei de ser casca e agora eu sou o que achava que era. Não mudo só me adapto. Não fujo, me camuflo, deixo de ser caça e viro caçador. Durmo só em cavernas frias de noite. E espero o amanhecer...
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