"A medida do amor é amar sem medida" Santo Agostinho

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

SUPERFICIAL

Estão as máquinas, o artificial, se aproximando do humano ou o humano está se tornando artificial, superficial demais, semelhantes as máquinas? Não consigo entender as pessoas, seus comportamentos, hoje tudo é muito fútil, muito volúvel. As relações interpessoais vêm se tornando cada vez mais distante, mas falando especificamente, as pessoas permanecem juntas para passar apenas momentos e depois se afastam tão rápido quanto se aproximaram, não sei se por medo de se mostrar ou de perceber o outro. É uma busca pela perfeição onde o defeito do outro deixa de ser uma característica do mesmo e passa a ser mais um motivo de desculpa para um afastamento.




As pessoas não se preocupam umas com as outras, olham apenas para suas próprias necessidades. O indivíduo sentado na esquina com fome faz parte da paisagem, a negação a fome do outro faz parte desse processo de desconexão de ser humano. Já sei! Neologismos demais. Mas apenas para explicar que não consigo me enquadrar neste distanciamento. Choro com a fome do outro, às vezes não posso ajudar, mas choro. E gosto de conhecer defeitos e fraquezas dos outros por que isto os torna humanos, igualmente a mim, cheio de fraquezas. Gosto da conexão, gosto da solidão também, mas necessariamente não é preciso se isolar do mundo para aprender com a solitude. Também não sei ficar tão próximo como os bandos, porque para sentir o outro não precisa está tão próximo. Mas precisa sentir.


Não me adapto as busca noturna por amores passageiros apenas para não dizer que está só. Procuro amores duradouros, mesmo que precise de tempo e a solidão, não aquela em que busco consolo, se abata sobre mim. E quando falo amores, não falo de amores do tipo Eros, falo do tipo fraterno também. Gosto de pessoas de verdade, sinceras, verdadeiras, que não te julgue pelos teus erros, e perceba que estes fazem parte do processo do acerto. Gosto de pessoas que se preocupam. Acredito sinceramente no amor. Eu lamento a falta de predisposição das pessoas de se entregar. A superficialidade com que as pessoas enxergam os relacionamentos e as maneiras como as pessoas se fecham em seus mundos particulares. Lamento principalmente pela falta de sinceridade, tipo assim, diz logo e assume sou superficial, para que se mostrar profundo se o tempo revela estas coisas?


Às vezes parece descontextualizado falar de verdades e afastamentos, quando uso máscaras e armaduras. Peço desculpas então. Mas me deixa explicar: minha máscara não me dá o ar da mentira e da superficialidade. Ela apenas me deixa menos vulnerável enquanto não encontro pessoas que não se afastam tão rápido quanto se aproximam, pessoas com defeitos e que os mostram, se mostram. Enfim, talvez não consiga expressar direito, mas estou à procura do não artificial.


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