"Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escadalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe."
"A medida do amor é amar sem medida" Santo Agostinho
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
O que é bonito, Lenine
O que é bonito
É o que persegue o infinito
Mas eu não sou
Eu não sou, não...
Eu gosto é do inacabado
O imperfeito, o estragado que dançou
O que dançou...
Eu quero mais erosão
Menos granito
Namorar o zero e o não
Escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo o que acredito
Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito
Que a gente vai, a gente vai
E fica a obra
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra
Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça
O amor mais inocente que tive
O amor mais inocente que tive foi também o mais belo. Não passou rápido nem devagar, apenas o tempo suficiente. Estudávamos na mesma sala desde os meus treze anos e éramos amigos. Lembro que ele tinha um grupo de música (ta bem vou admitir era de pagode, por favor, sem julgamentos) e íamos sempre ver os ensaios depois da aula, ele morava pertinho da praia e depois a turma esticava, foi muito bom. O engraçado é que só começou porque uma amiga tava interessada nele (mesmo sabendo que ele gostava de mim), mulher é um bicho complicado mesmo, e só pra provar pra ela, tentei ficar com ele e acabei me apaixonando. E ele era muito, muito bom. Nossas idas ao cinema, muita batata Ruffles, dá saudades, não saudades do tipo que você quer reviver, porque já passou, mas aquela que quando a gente pensa chega esboça um sorriso no canto do rosto. Somos amigos até hoje, grandes amigos. Conversamos sobre tudo, gosto de saber que um sentimento tão doce não se perdeu no tempo, ele apenas se transformou.
SUPERFICIAL
Estão as máquinas, o artificial, se aproximando do humano ou o humano está se tornando artificial, superficial demais, semelhantes as máquinas? Não consigo entender as pessoas, seus comportamentos, hoje tudo é muito fútil, muito volúvel. As relações interpessoais vêm se tornando cada vez mais distante, mas falando especificamente, as pessoas permanecem juntas para passar apenas momentos e depois se afastam tão rápido quanto se aproximaram, não sei se por medo de se mostrar ou de perceber o outro. É uma busca pela perfeição onde o defeito do outro deixa de ser uma característica do mesmo e passa a ser mais um motivo de desculpa para um afastamento.
As pessoas não se preocupam umas com as outras, olham apenas para suas próprias necessidades. O indivíduo sentado na esquina com fome faz parte da paisagem, a negação a fome do outro faz parte desse processo de desconexão de ser humano. Já sei! Neologismos demais. Mas apenas para explicar que não consigo me enquadrar neste distanciamento. Choro com a fome do outro, às vezes não posso ajudar, mas choro. E gosto de conhecer defeitos e fraquezas dos outros por que isto os torna humanos, igualmente a mim, cheio de fraquezas. Gosto da conexão, gosto da solidão também, mas necessariamente não é preciso se isolar do mundo para aprender com a solitude. Também não sei ficar tão próximo como os bandos, porque para sentir o outro não precisa está tão próximo. Mas precisa sentir.
Não me adapto as busca noturna por amores passageiros apenas para não dizer que está só. Procuro amores duradouros, mesmo que precise de tempo e a solidão, não aquela em que busco consolo, se abata sobre mim. E quando falo amores, não falo de amores do tipo Eros, falo do tipo fraterno também. Gosto de pessoas de verdade, sinceras, verdadeiras, que não te julgue pelos teus erros, e perceba que estes fazem parte do processo do acerto. Gosto de pessoas que se preocupam. Acredito sinceramente no amor. Eu lamento a falta de predisposição das pessoas de se entregar. A superficialidade com que as pessoas enxergam os relacionamentos e as maneiras como as pessoas se fecham em seus mundos particulares. Lamento principalmente pela falta de sinceridade, tipo assim, diz logo e assume sou superficial, para que se mostrar profundo se o tempo revela estas coisas?
Às vezes parece descontextualizado falar de verdades e afastamentos, quando uso máscaras e armaduras. Peço desculpas então. Mas me deixa explicar: minha máscara não me dá o ar da mentira e da superficialidade. Ela apenas me deixa menos vulnerável enquanto não encontro pessoas que não se afastam tão rápido quanto se aproximam, pessoas com defeitos e que os mostram, se mostram. Enfim, talvez não consiga expressar direito, mas estou à procura do não artificial.
As pessoas não se preocupam umas com as outras, olham apenas para suas próprias necessidades. O indivíduo sentado na esquina com fome faz parte da paisagem, a negação a fome do outro faz parte desse processo de desconexão de ser humano. Já sei! Neologismos demais. Mas apenas para explicar que não consigo me enquadrar neste distanciamento. Choro com a fome do outro, às vezes não posso ajudar, mas choro. E gosto de conhecer defeitos e fraquezas dos outros por que isto os torna humanos, igualmente a mim, cheio de fraquezas. Gosto da conexão, gosto da solidão também, mas necessariamente não é preciso se isolar do mundo para aprender com a solitude. Também não sei ficar tão próximo como os bandos, porque para sentir o outro não precisa está tão próximo. Mas precisa sentir.
Não me adapto as busca noturna por amores passageiros apenas para não dizer que está só. Procuro amores duradouros, mesmo que precise de tempo e a solidão, não aquela em que busco consolo, se abata sobre mim. E quando falo amores, não falo de amores do tipo Eros, falo do tipo fraterno também. Gosto de pessoas de verdade, sinceras, verdadeiras, que não te julgue pelos teus erros, e perceba que estes fazem parte do processo do acerto. Gosto de pessoas que se preocupam. Acredito sinceramente no amor. Eu lamento a falta de predisposição das pessoas de se entregar. A superficialidade com que as pessoas enxergam os relacionamentos e as maneiras como as pessoas se fecham em seus mundos particulares. Lamento principalmente pela falta de sinceridade, tipo assim, diz logo e assume sou superficial, para que se mostrar profundo se o tempo revela estas coisas?
Às vezes parece descontextualizado falar de verdades e afastamentos, quando uso máscaras e armaduras. Peço desculpas então. Mas me deixa explicar: minha máscara não me dá o ar da mentira e da superficialidade. Ela apenas me deixa menos vulnerável enquanto não encontro pessoas que não se afastam tão rápido quanto se aproximam, pessoas com defeitos e que os mostram, se mostram. Enfim, talvez não consiga expressar direito, mas estou à procura do não artificial.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Tem dias que estou assim
Alguns dias, por mais que você queira jogar o astral lá pra cima, parece que tem alguns fatos que fazem questão de te deixar no sofá, comendo, assistindo filme e chorando pelos corações partidos de pessoas que você sabe que são só personagens. O ser humano é assim, eu também, a pesar de me achar um ser não humano altamente metafórico e paradoxal, tenho um monte de dias de deprê e sem vergonha nenhuma digo: choro pra cacete. Depois passa, mais quando você tá na fossa parece que o mundo vai acabar.
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